Eu tô de boa com o tempo


Faltam menos de 3 meses para eu completar 25 anos de vida. Eu nunca vivenciei de forma tão marcante a aproximação de um aniversário. Por isso, tem sido inevitável eu perceber como esse número, ou a aproximação dele, trouxe uma certa urgência e catalisou a movimentação de várias questões que estavam pendentes dentro de mim. Acho que vou acabar falando de outras delas nas próximas semanas, mas a primeira percepção que eu tenho é a de como cresci este ano, como amadureci.


Foto prórpia


Em novembro do ano passado, a minha voz interna, minha intuição, me pediu um tempo. E eu ouvi. Não tinha me planejado financeiramente, tinha acabado de assumir algumas frentes, não sabia como iria pagar as contas, mas eu fui em frente, porque aprendi que quando quem manda a mensagem é a minha intuição, nunca vai dar errado. A mente se atropela, mas a intuição, ela sabe que está tudo preparado, que está na hora, que vai dar tudo certo.


Foto Própria

Foto Própria

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Os oito meses “sabáticos” que eu tirei de fevereiro a outubro me ajudaram a colocar muita coisa em perspectiva. Eu precisava muito me afastar não da Fisioterapia, mas da rotina puxada de atendimentos, sentia que precisava de 100% do meu tempo dedicado à escrita e eu só saberia como seria, se tentasse.

O meu calcanhar de Aquiles é o bendito tempo. Eu tenho uma obsessão com chegar a tempo, ter tempo de terminar, precisar de mais tempo. Até então, eu precisava de um bloco inteiro de tempo dedicado à escrita para conseguir relaxar. Precisava saber que teria o dia inteiro livre para escrever um post no Instagram, uma semana inteira livre para escrever um artigo para o site. Tá tudo na minha cabeça, eu já sabia, mas de algumas neuroses, é mais difícil se afastar.

Não sei como é para vocês, e estou justamente nessa busca de tentar aprender como é a vida para os outros seres humanos, mas eu só internalizo realmente um aprendizado quando sinto na pele aquilo que eu já sabia com a minha cabeça. Nesse sentido, aqueles meses sabáticos foram minha maior lição sobre o tempo. Não ter cronograma me ajudou a conhecer o meu ritmo interno, que é bem mais lento do que o que eu vivenciava, e me ensinou como é a sensação de leveza e liberdade da qual eu sentia haver me afastado em algum momento lá atrás, quando me apaixonei loucamente pelo meu ofício e decidi que iria me dedicar até dominá-lo.

Uma vez de posse dessa sensação, entendi que eu poderia recriá-la, regressar a ela em qualquer cenário, e então me senti seguro para voltar a Fisioterapia  alguns meses atrás. Porque, gente, tá tudo do lado de dentro. Você pode se sentir livre dentro de uma cela ou pode se sentir preso no topo do Everest. Eu precisava conhecer como era a fluidez do tempo para deixar de vivenciá-lo como o Senhor da Rigidez, sempre me aprisionando, sempre me cobrando, sempre me limitando. “O que eu quero fazer demanda muito tempo”, eu costumava dizer, e ele, o Rígido, me respondia “Mas eu só vou te dar este tempinho aqui.”

Mas veja só que interessante o que aconteceu quando eu fiz as pazes com o (meu) tempo: algo dentro de mim, que eu chamo de A Cobradora, uma energia que não me deixava soltar um post a menos que estivesse “perfeito”, que me colocava para responder e-mails mesmo depois de uma jornada longa de atendimentos e estudos, que jamais teria permitido que eu soltasse um texto assim tão pessoal (com meu rosto na foto!) com medo de se expor, se acalmou. Podendo respeitar seu próprio ritmo, ele relaxou, está mais leve, menos obcecado, menos perfeccionista, mais fluido. Quando eu me afastei do trabalho e fui descansar, uma parte do meu feminino que precisava provar que era digno deste mundo tão Yang, se curou, e tem sido lindo acompanhar essa cura, essa liberação, esse relaxamento na minha vida, na minha rotina, nas minhas relações.


E agora eu volto ao início deste texto para dizer que me aproximo do final do ano em que eu me afastei da Fisioterapia sentindo que estou em meu momento mais maduro como Fisioterapeuta em formação. Agora que a sensação de liberdade veio para dentro de mim e a minha Cobradora pode relaxar, eu me sinto seguro para materializar os projetos que venho gestando há tanto tempo. Meu dia a dia virou um campo de pesquisa, e eu nunca fui tão feliz dentro do Hospital. Meu pacientes REALMENTE me ensinam tanto, mas tanto, mas tanto, que eu tenho saído todos os dias com um sorriso de orelha a orelha e uma sensação profunda de agradecimento e conexão com eles, comigo e com toda a humanidade.

Há tempos venho registrando as histórias que eu vivo, os atendimentos que eu faço, as estradas que eu percorro, em cadernos e mais cadernos de ideias, depoimentos, desabafos, insights. Eu sabia que um dia sairia deles a próxima fase do meu trabalho, que eu também sempre soube que seria em forma escrita. Eu sinto que estes 8 meses de licença organizaram dentro de mim os pedaços que faltavam para poder colocar meu pé um pouquinho para o lado e desviar para a direita na bifurcação que eu já vinha observando se aproximar há um tempo. Antes eu queria escrever sobre autoconhecimento e usar a minha experiência para guiar outras pessoas que quisessem conhecer o caminho que eu descobri. Mas o “querer” ainda era eu olhando a estrada de longe, “quero chegar lá…”. Agora eu estou aqui, agora eu posso, agora eu me permito, agora eu estou pronto.

 

 Vejo vocês por ai! ;)

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